Os artesãos Cristian Júnior e Francisco Teixeira foram os grandes vencedores da 3.ª edição do Prémio de Valorização do Artesanato, respectivamente nas categorias Artesanato Contemporâneo e Artesanato Tradicional, respectivamente.
Com tema Floresta Laurissilva, a edição deste ano contou com a participação de 21 artesãos e 23 peças a concurso. Aos vencedores foi atribuído um prémio no valor de mil euros.
Na cerimónia, que decorreu na Loja do Artesanato, no antigo edifício do Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira (IVBAM), Miguel Albuquerque, além de agradecer o empenho e criatividade dos artesãos participantes neste concurso, evidenciado a importância de “revolucionar as artes criativas na Madeira”, algo que, conforme evidenciou, o Governo Regional tem feito.
O presidente do Executivo madeirense fez questão, também, de destacar o envolvimento do público na votação e escolha dos vencedores. De acordo com a organização, foram 800 os cidadãos que votaram, manifestando a sua preferência.
Já Tiago Freitas evidenciou “o salto qualitativo” dos trabalhos submetidos a concurso na edição deste ano. O presidente do IVBAM notou a participação de “diversos artesãos” reconhecidos oficialmente, condição que assume uma obrigatoriedade nas regras a que se submetem os participantes.
Este prémio, mencionou, deriva, em parte, da necessidade de valorizar ainda mais o artesanato regional, salientando o trabalho de divulgação e promoção destes aretesãos por parte do Instituto, tanto a nível nacional, como internacional, embora reconheça que neste domínio funciona muito o “passa a palavra”.
Tiago Freitas fez saber, ainda, que o número de artesãos tem vindo a aumentar na Madeira, fazendo com que o artesanato “ganhe cada vez mais força”.
Cristian Teixeira, o vendedor da categoria Artesanato Contemporâneo, inspirou-se no aspecto mais sombrio da Laurissilva, proporcionado pelas árvores de copa mais densa e frondosa, mas também na floresta como fonte de energia, para dar forma ao seu candeeiro ‘Laurus umbra’. “A ideia passava por ter uma fonte de luz e reflectir algumas imagens características da floresta Laurissilva”, como o bis-bis, o tentilhão, a orquídea ou o gerânio.
Conforme relatou aos jornalistas o artesão, formado em Design, que faz do artesanato a sua profissão, privilegiou o uso de madeira de til, árvore que se destaca no conjunto das lauráceas, encarando essa escolha como um “valor acrescentado” à sua peça.
Embora note o empenho dos artesãos regionais e das entidades reguladoras desta área na promoção da actividade, entende que é preciso uma aposta maior na criação de condições para serem ultrapassados alguns obstáculos, nomeadamente na parte da produção e no acesso a matérias-primas.
Cristian Teixeira diz que são sobretudo os estrangeiros que valorizam o seu trabalho, notando que o madeirense não está, ainda, muito aberto a valorizar devidamente o trabalho artesanal.
Francisco Teixeira inspirou-se nos passeios que faz pela floresta madeirense para dar forma a sua peça ‘No coração da floresta’, onde não faltam vários elementos que facilmente podem ser apreciados no interior da Laurissilva. O bis-bis, uma levada com a água a correr, um levadeiro ou o verde das lauráceas são apenas alguns exemplos integrados numa peça única, feita com barro cozedura de chacota, tendo sido posteriormente pintado e envernizado. Foram precisas cerca de 72 horas para a execução da peça.
Aos jornalistas, o professor de informática natural de Braga, que tem na cerâmica um passatempo, mostrou-se bastante satisfeito com a vitória, que alcança pelo segundo ano consecutivo, depois de na primeira edição ter ficado em 2.º lugar. O artesão tem peças à venda em alguns espaços no Funchal.
Os restantes premiados nesta 3.ª edição do Prémio de Valorização do Artesanato foram os seguintes:
Categoria Artesanato Tradicional
2.º prémio – Jenita Spínola, com a peça ‘A essência da floresta’.
3.º prémio – Carmen Molina, com a peça ‘E porque não?’.
Categoria Artesanato Contemporâneo
2.º prémio – Jenita Spínola, com a peça ‘A essência da floresta’.
3.º prémio – Manuel Trindade Vieira, com a peça ‘Floresta mágica’.
Foi ainda entregue uma menção honrosa a Suzana Fraga, pelo trabalho na pela ‘Til’.
DN Madeira | 11.12.24