Sob o mote do aproximar da época das tosquias nas serras da Ilha da Madeira, decidimos visitar um artesão reconhecido pelo Instituto do Vinho, Bordado e Artesanato da Madeira (IVBAM) cuja matéria-prima recaísse sobre a lã de ovelha, daí que rumamos a Santana para conversar com a artesã Gracinda Caetano, a qual já conta com 42 anos dedicados à Tecelagem.
No seu espaço, integrado no Parque Temático da Madeira, numa típica casa de Santana, Gracinda Caetano faz demonstração ao vivo, do seu trabalho, recebendo turistas e visitantes locais, com um sorriso e boa disposição. No seu dia-a-dia, para além da arte de tecer, exemplifica, aos que a visitam, algumas fases do processo até à tecelagem propriamente dita, como a cardagem (desenredar ou pentear de uma fibra têxtil, como o algodão, a lã ou o linho, para facilitar a fiação) e a separação dos fios para tecer, consoante a largura que pretende para o trabalho que tem em mãos.
Na sua companhia, podemos constatar a perícia e conhecimento ímpar, alcançados com a prática de uma vida dedicada a esta arte. Com efeito, trabalhar com um tear requer uma coordenação motora excecional, a qual só é possível alcançar após muitos anos de prática. Como curiosidade, Gracinda Caetano frequentou o curso de Tecelagem, em 1981, ministrado pelo IBTAM, mantendo-se no ativo até aos nossos dias.
Os seus trabalhos variam na matéria-prima, tal como na finalidade. Como matérias-primas, labora a lã, o algodão e o linho, matérias estas que originam tecido para diversas finalidades, entre as quais se destacam os trajes dos grupos folclóricos da Madeira. Além disso, Gracinda também se dedica à elaboração de tapetes, mantas e outros utilitários para casa.
Como curiosidade, no dia em que visitamos Gracinda Caetano, elaborava tecido para um casaco de seriguilha preta que seria utilizado num grupo folclórico. Em tempos passados, estes casacos faziam parte do traje utilizado para ir à missa, pelos homens que viviam nas serras.
Um bem-haja a Gracinda Caetano, pelo contributo de uma vida dedicada ao artesanato regional.



